Há alguns dias a Reuters divulgou material sobre uma pesquisa realizada em Nova York que sugere que homens gays ou bisexuais estão mais sujeitos que os héteros à problemas de distúrbios alimentares. Uma lógica que não atinge mulheres com orientações sexuais diferentes.
As informações colhidas em entrevistas com um grupo de 516 nova-iorquinos, divididos entre 126 homens héteros e o resto formado por homens gays ou bissexuais e mulheres, mostram que 15% dos dos gays e bisexuais masculinos já tiveram algum disturbio alimentar ou sintoma de início de distúrbio. Esse percentual cai à 5% entre os homens héteros.
Segundo o estudo liderado pelo Dr. Matthew Feldman, do National Development and Research Institutes, são problemas como bulimia, anorexia ou Compulsão alimentar periódica (CAP).
A diferença perde em expressividade entre as mulheres, com pouco menos de 10% entre lésbicas ou bisexuais declarando problemas e cerca de 8% de mulheres héteros que assumem terem passado por problemas referentes a alimentação.
Uma das possíveis conclusões para explicar a diferença é que homens gays possuem ideais de beleza diferentes, e assim como as mulheres em geral, se sentem mais pressionados a estarem magros.
Dietas, academia, roupas…. e onde fica a auto-estima?
Em matéria da última edição da revista francesa Têtu, o pisciquiatra Christophe André ajuda a entender um pouco mais essas diferenças evidenciadas pela pesquisa norte-americana.
Ele explica em entrevista que o cuidado com o corpo é legítimo pois vivemos em uma sociedade e trata-se de uma educação mínima o fato não ter uma aparência muito repugnante (estar limpo ao menos). Funciona como um ingresso para se estabelecer o contato social entre indivíduos.
Contudo, o cuidado exagerado com a aparência denúncia uma fragilisação da auto-estima. Essa fronteira é ultrapassada quando o indivíduo passa fazer vigília à reação que ele mesmo provoca em terceiros.
André usa o exemplo dos fashions victims que ao chegarem em qualquer lugar fazem antes de mais nada aquele check-up nos looks dos outros. A pessoa observa todos à fim de ser obervada por estes.
É nessa fase em que ele acredita que se entre em área de risco, pois é sinal de que se conta unicamente com a aparência física para agradar, impressionar ou seduzir.
A supervalorisação da aparência externa é algo incontestável de nossos tempos. Segundo André, autor do livro “Imparfaits, libres et hereux: pratiques de l’estime de soi” (Imperfeitos, livres e felizes: práticas de auto-estima), o avanço dos distúrbios alilmentares é evidência disso.
Ele conta que a Bulimia era algo raríssimo até os anos 50 e que começou a crescer entre as mulheres a partir do momento em que o corpo feminino foi sendo mais usado como objeto promocional. Com a superexposição um pouco mais tarde do corpo masculino na publicidade, o distúrbio chegou aos homens, primeiramente entre os homosexuais, que seriam mais vulneráveis às pressões sociais referentes à aparência.
Jr*
gostaria de saber se por ter perdido 30 kilos em 6 meses posso ser anoretico