Reafirmando a vocação pelas animações aqui no Blog do Júnior, vamos falar de “Tekkonkinkreet”, filme lançado no ano passado no Japão e que pude ver há uma semana, quando chegou aos cinemas aqui da França.
Trata-se de uma adaptação do mangá japonês homônimo escrito por Taiyo Matsumoto (que foi lançado no Brasil com o nome “Preto e Branco”).
Nas telonas, a obra extrapola as regras dos animes nipônicos com várias influências do mundo ocidental, muito provavelmente por conta da direção do norte-americano Michael Arias.
Você não vê por exemplo aqueles olhos exagerados das animações japonesas e nem as típicas cores gritantes. Impossível também de não se impressionar com os ângulos e a velocidade das câmeras, ou com a mistura de imagens em 2D com outras em 3D, e com as diversas técnicas de desenho adotadas para diferenciar o plano real do universo psicológico dos personagens principais.
Kuro e Shiro (Preto e Branco) são os heróis dessa história que se passa em uma megalópole japonesa.
Com cara de Tokyo, mas temperada com elementos fictícios, como o ar de terra sem lei e uma determinada pobreza (algo que não se aplica a uma cidade japonesa), essa selva de pedra é o habitat das duas crianças acrobatas que voam sobre os prédios da cidade enfrentando a polícia, malfeitores e especuladores imobiliários.
E é durante uma dessas cruzadas que os dois vão ser separados e assim terão de enfrentar seus próprios demônios internos. Kuro, matador sanguinário precoce, e Shiro, criança quase altista com sentidos mega aguçados, são na verdade duas facetas opostas que se alimentam uma da outra. E o resultado dessa dualidade é o mix de violência e poesia que mostra o porque Tekkonkinkreet é muito mais que uma animação estéticamente bem feita. É um convite ao mundo onírico da mente das duas crianças.
Eu adorei o filme e super recomendo. Espero que seja lançado logo aí no Brasil. De todo jeito li no site do Rraul que o pessoal do Addictive TV foi convidado pela Sony Pictures para editarem o material que irá divulgar o lançamento do DVD, o que deve rolar logo mais pelo visto.
O Rraul inclusive arrisca dizer que o filme foi meio inspirado em Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, na sua edição de imagens e na dualidade entre inocência e violência. Não sei se isso é informação de release (e eles não explicam muito bem), mas realmente tem muito a ver.
Jr*